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Na agitação do dia-a-dia, naquele corre-corre para não chegar atrasado à escola, ao trabalho, às atividades (por vezes inúmeras) em que a criança está inscrita, são permitidos alguns comportamentos que não se pretendiam consentir: conceder mais 10 (20, 30 minutos) a jogar no tablet, pois o cansaço manifesta-se e não se quer criar um “braço-de-ferro” com a criança; permitir que a criança coma a sobremesa quando, anteriormente, tinha sido imposto que não haveria sobremesa naquele dia, no entanto, após gritos e choro, os pais, que receiam que os vizinhos ouçam, cedem; ou, ainda, na ida ao supermercado em que os pais, antecipando uma birra com choro, gritos e quiçá um esbracejar no chão compram o que não queriam comprar, sejam as gomas ou um novo jogo.

Estes são alguns exemplos de comportamento que lhe podem ser familiares no processo de educação do/a seu/sua filho/a.

É compreensível a impaciência e frustração dos pais em alguns momentos. Esses sentimentos podem dificultar que pense estrategicamente sobre qual a melhor forma de reagir perante determinado comportamento incorreto. Uma estratégia eficiente passa por antecipá-los e tomar medidas pró-ativas para os evitar.

As regras/Ordens:

  • Envolver a criança na definição das regras, mesmo as mais pequenas. A colaboração da criança na definição das regras permitirá que sinta que estas lhe pertencem e estará mais empenhada em cumpri-las;

  • Uma ordem de cada vez – por vezes os pais dão uma série de ordens sem darem tempo à criança de cumprirem a primeira. “Arruma os brinquedos, faz a mochila, põe a mesa e vai tomar banho!” é muita informação;

  • Repetir a ordem – às vezes mesma ordem é repetida 4 e 5 vezes e a criança vai aprendendo que não precisa de obedecer antes da 5ª vez. Dê a ordem e espere uns segundos para que a criança obedeça, se tal não ocorrer aplique uma consequência de imediato;

  • Ordens claras – por exemplo “Senta-te” é uma regra clara, enquanto “Não andes às voltas” é vaga e põe ênfase no negativo – no que a criança não deve fazer;

  • Ordens formuladas na positiva – em vez de “Não grites” prefira “Fala baixo”. A ordem é apresentada de forma positiva e é dito qual o comportamento desejado, pois, as regras devem ser formuladas em termos de comportamentos observáveis. Assim, a criança terá uma imagem mental clara do comportamento esperado;

  • Ordens formuladas no plural – “vamos arrumar” – a frase formulada no plural pode confundir a criança quando não há intenção dos pais em participar;

  • Ordens realistas – acontece os pais concederem ordens irrealistas e que não são adequadas à idade da criança, por exemplo, esperar que uma criança de 3 anos fique quieta enquanto os adultos têm uma longa conversa. Dar ordens que se sabe à priori que a criança não vai conseguir cumprir é preparar o caminho do insucesso e da frustração;

  • Ordens não são críticas – “os meninos de 5 anos não fazem isso”, “Nunca me ouves”. Estas frases podem gerar ressentimento e oposição em vez de levarem ao comportamento desejado. Pode ocorrer que, os pais frustrados, através dos rótulos e humilhações extravasem essa sua frustração pelo incumprimento das regras. A criança que se apercebe da frustração dos pais poderá optar por continuar a desobedecer como forma de retaliar por ter sido criticada;

  • Ordens não são perguntas – “queres lavar os dentes?” – confunde a criança porque esta não consegue perceber se é uma ordem ou uma opção de escolha. A ordem em tom de pergunta pode deixar os pais encurralados e a terem de descobrir como convencer a criança a cumprir a ordem.

Psicóloga

Paula Ribeiro

Snyder, C., & Lopez, S. (2002). Handbook Of Positive Psychology. United Kingdom: Oxford University Press.

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