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No dia 22 de outubro, assinala-​se o Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez.

A gaguez é uma perturbação da comunicação, que afeta o indivíduo que gagueja, assim como os respetivos interlocutores, os quais frequentemente, demonstram dificuldades em saber como lidar com as características do discurso do primeiro. Na gaguez, a fluência do discurso encontra-​se alterada, com presença de pausas, bloqueios, repetições, prolongamentos de sons/​sílabas, ou mesmo, de palavras. De acordo com a Stuttering Foundation (2013), a etiologia da problemática é multifatorial, envolvendo a interação de fatores genéticos, desenvolvimentais, neurofisiológicos e fatores relativos à dinâmica familiar.

Contudo, importa distinguir os conceitos de gaguez e de disfluência, que surgem, por vezes, como sinónimos. A disfluência é apenas uma parte da gaguez, existindo outras, não menos importantes. Uma delas são os comportamentos/​emoções negativos que podem estar associados à gaguez, tais como medo, vergonha, ansiedade, evitamento, isolamento, depressão. Estes podem não ser uma causa ou consequência direta do facto de haver disfluência e não têm de fazer parte das características psicológicas destas pessoas. Na gaguez, coexistem comportamentos secundários, tais como, alguma tensão física, existência de comportamentos não verbais, nomeadamente, motores (piscar de olhos, contorções faciais, movimentos de cabeça). Esquematicamente, por analogia a um iceberg (Hicks, 2003), a gaguez seria algo como a imagem apresentada abaixo.

De facto, as características da disfluência constituem a parte visível e nem sempre representativa do todo que é a gaguez.

A gaguez afeta a qualidade de vida e a participação do indivíduo em atividades sociais. Ao efetuar uma análise ecológica, pode afetar o indivíduo na sua dimensão física, psicológica e social, podendo condicionar, por exemplo, a escolha de uma profissão.

Se uma criança é disfluente será necessariamente gaga?

disfluência é comum em crianças dos 3 aos 5 anos, que desenvolvem diariamente o seu vocabulário, que possuem uma construção cada vez mais complexa de enunciados e que aprendem a articular corretamente todos os fonemas da língua. Isto requer mais tempo e preparação do discurso, pelo que poderão surgir algumas hesitações, reformulações, repetições e pausas preenchidas, utilizadas por todos os seres humanos, quando querem adquirir alguns segundos extra para formular melhor as ideias/​pensamentos. Esta alteração da fluência desaparece espontânea e completamente, portanto, se persistir, os pais devem procurar a ajuda de um Terapeuta da Fala, para avaliação mais cuidadosa da situação.

Algumas estratégias a utilizar na fase em que a criança apresenta uma disfluência mais acentuada são:

– Dar tempo para a criança falar, demonstrando disponibilidade;
– Proporcionar momentos de conversação, sem transmitir a sensação de “pressa”;
– Não terminar as frases que a criança está a produzir;
– Demonstrar interesse genuíno no que a criança pretende partilhar;
– Valorizar os seus aspetos mais positivos, elogiando-​a;
– Relativizar a situação, referindo que nem sempre o discurso dos adultos é completamente fluente (na verdade, nunca é 100% fluente).

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