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Em 1993, um decreto da Assembleia da República tornou oficial que 26 de julho seria o Dia Nacional dos Avós. No entanto, por detrás desta resolução está a luta de 16 anos de Ana Elisa Couto (Tia da minha visavó), mentora deste dia.

Ana Elisa Couto (1926-2007), conhecida como Dona Aninhas, reivindicou a instituição de uma data que valorizasse a figura dos avós.

Natural de Penafiel e avó de seis netos tentou, durante quase 20 anos, que a data comemorativa fosse reconhecida. A mesma foi instituída pela Assembleia da República, em 2003, para ser celebrada no dia 26 de julho, por este ser o dia de Santa Ana e São Joaquim.

Neste dia relembra-se também a importância do envelhecimento ativo, que a Organização Mundial da Saúde define como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.

A importância do contexto familiar na educação e formação dos mais novos é inquestionável. Se os pais são tradicionalmente vistos como as principais figuras de vinculação das crianças, também é verdade que os avós constituem importantíssimos elementos de suporte familiar. Em concreto, é de notar a importância dos avós na educação dos netos.

A IMPORTÂNCIA DoS AVÓS NA EDUCAÇÃO E A INFLUÊNCIA NO FUTURO PROFISSIONAL DOS NETOS

Por trás de inúmeros grandes homens e mulheres estão muitas vezes uns grandes avós. Os avós são os elementos com maior experiência no cuidado de familiares de todas as idades – já passaram “pelas suas mãos” os nossos pais, tios e primos, enquanto bebés, crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Assim, as caraterísticas próprias de cada etapa do desenvolvimento humano raramente são uma surpresa para eles. No entanto, ou talvez por isso mesmo, o seu amor incondicional pelos netos é mais livre de regras e exigências que o dos próprios pais. Possivelmente, porque a sua gestão da família já se baseia mais na experiência e na intuição do que no que dizem os especialistas: pediatras, psicólogos, professores e educadores.

A importância dos avós nos primeiros anos de vida

Muito provavelmente fomos à escola pela primeira vez pela mão dos nossos avós. Depois dos pais e irmãos, terão sido os avós quem mais contacto teve connosco, proporcionando o suporte familiar necessário à libertação dos pais para as tarefas e exigências da vida profissional. Por esta razão, pode considerar-se que os avós desempenham o papel de mediação familiar. Papel este que será talvez o primeiro exemplo que a criança tem de trabalho a favor de uma comunidade ou grupo – a família. Este, como se compreende, é um valor transportado para outras esferas da vida da criança, incluindo a esfera escolar, a social e, mais tarde, a profissional.

Estabilidade emocional e capacidade de lidar com a perda

É algo que tendemos a descurar, mas a base da estabilidade emocional na vida adulta relaciona-se intimamente com os modelos de relacionamento que nos foram transmitidos na infância. Uma relação segura e estruturante com os pais e os avós facilita o desenvolvimento de uma personalidade adaptada, flexível, e a adoção de comportamentos saudáveis e promotores da autoconfiança. Estas caraterísticas pessoais promovem a qualidade de vida nos planos relacional, íntimo, social e, claro está, profissional.

Mas nem todas as pessoas têm o privilégio de chegar à idade adulta com os seus avós por perto. Quando tal não acontece, para a criança ou adolescente o falecimento de um avô ou avó é o primeiro contacto com a perda, e também a primeira (e importantíssima) aprendizagem de como se faz um processo de luto.

 

O papel dos avós no crescimento e formação das crianças tem uma importância inegável e estima-se que a crise económica dos últimos anos veio acentuar esse papel, com cerca de 30 por cento das famílias portuguesas a receberem ainda apoio financeiro dos mais velhos.

Têm uma visão da vida mais ponderada, sabem relativizar, tendem a transmitir segurança. É por isso também que, quando as coisas correm menos bem, muitos de nós recorremos aos avós para apoio e consolo. Nestas e noutras situações, há muitos benefícios nesta relação de proximidade.

Uma relação próxima com os avós resulta em maior estabilidade emocional para os miúdos

Por exemplo, existe a ideia preconcebida de que os avós mimam demasiado os netos. Dão doces sem critério, deixam de lado os horários e, por vezes, colocam mesmo em causa as regras dos pais. Mas, segundo um estudo da Universidade de Oxford, acontece exatamente o contrário.

A pesquisa concluiu que uma relação próxima com os avós resulta em maior estabilidade emocional para os miúdos. Foram analisadas 1500 crianças e aquelas que se relacionavam com os avós apresentaram maior estabilidade emocional. Também os adolescentes – sobretudo de pais separados – mostravam maior maturidade nas situações apresentadas.

Revisão: Fátima Nunes

Psicóloga Clínica e Diretora do Institituto do Desenvolvimento

Julho 2022

Aos meus pais, AVÓS de “gema”, um muito obrigada por tudo! Apesar da ausência do meu pai; agora és o avô de todos.

À Dona Fernanda avó das minhas filhas, um muito obrigada! Esteve totalmente presente nos primeiros anos de vida das minhas filhas e foi uma super avó.

Revisão, Fátima Nunes,

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