“Nós, Terapeutas Ocupacionais, acreditamos que todas as pessoas são capazes, independentemente da sua condição.”
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um défice neurológico súbito que ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro, perturbando temporário ou permanentemente o normal funcionamento cerebral. Cerca 80% dos AVC´s são isquémicos, resultantes da obstrução de um vaso sanguíneo, sendo os restantes atribuídos a uma rutura dos vasos – AVC´s hemorrágicos.
A esta patologia estão associados diversos fatores de risco, tais como, hipertensão arterial, sedentarismo, obesidade e tabagismo/alcoolismo. Os sintomas mais frequentes são: o desvio da face (“boca ao lado”), falta de força num braço ou numa perna, dificuldade em falar, linguagem arrastada e tontura/perda de equilíbrio e de coordenação.
Em Portugal, o AVC está entre as principais causas de morte e de incapacidade física, levando a grandes implicações ao nível da funcionalidade e participação da pessoa.
Terapia Ocupacional e o AVC
Após um AVC, surgem comprometimentos em diversas funções, pelo que a pessoa pode deixar de ser capaz de realizar várias atividades, desde Atividades de Vida Diária (AVD´s), como a alimentação, a higiene pessoal, o vestir/despir, atividades produtivas, como o trabalho, assim como pode ver-se privada de fazer as atividades que mais gosta. Desta forma, é fundamental a intervenção da Terapia Ocupacional no processo de reabilitação pós-AVC, uma vez que é a profissão da área da Saúde que capacita a pessoa para a autonomia e o bem-estar no desempenho das suas Ocupações Diárias.
Os Terapeutas Ocupacionais valorizam os interesses e as necessidades individuais da pessoa, arranjam estratégias, adaptam as tarefas e/ou contextos, ajudam a pessoa a nível físico, psicológico e social, de forma a que consiga envolver-se e a ser o mais participativa possível em tudo aquilo que gosta, quer ou precisa. Porque nós, Terapeutas Ocupacionais, acreditamos que todas as pessoas são capazes, independentemente da sua condição.
Alguns exemplos de como um Terapeuta Ocupacional pode ajudar:
– Aconselhamento, conceção e treino de produtos apoio que permitem reforçar competências, de forma a realizar as ocupações independentemente (ex. talheres adaptados, calçadeira, ganchos para abotoar, puxadores de fechos, etc.);
– Ensino de técnicas para realizar as tarefas só com uma mão, por exemplo abrir um frasco/pacote, vestir-se, preparar alimentos, etc.;
– Adaptação do contexto (identificação das barreiras arquitetónicas em sua casa);
– Uso de atividades significativas com o intuito de melhorar a função, força e resistência (ex. tarefas domésticas, cozinhar, jardinagem);
– Estimulação cognitiva (memória, atenção, concentração, capacidade de resolução de problemas, entre outras);
– Integração na comunidade, identificando serviços que apoiem a mobilidade na zona, como também avaliar a capacidade de utilização de transportes públicos;
– Melhorar as competências motoras (força muscular, amplitude de movimento, coordenação global, equilíbrio, motricidade fina, destreza manual, entre outras).
Diana Pereira
Terapeuta Ocupacional