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SÍNDROME DE ASPERGER É O MESMO QUE AUTISMO?

 

A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), consiste numa perturbação global do desenvolvimento, caracterizada por um défice global em três áreas: interação social, comunicação e comportamento.

Interação Social

  • Acentuado défice na utilização de múltiplos comportamentos não verbais (contato ocular, expressões faciais, posturas corporais, gestos);

  • Incapacidade para desenvolver relações adequadas ao seu nível de desenvolvimento;

  • Ausência de tendência espontânea para partilhar com os outros interesses ou objetos – Atenção Conjunta;

  • Falta de reciprocidade social ou emocional.

Comportamento

  • Preocupação absorvente por um ou mais padrões estereotipados e restritivos de interesses que são anormais quer na intensidade quer no seu objetivo;

  • Adesão inflexível a rotinas ou rituais específicos, por vezes não funcionais;

  • Maneirismos motores e repetitivos;

  • Preocupação persistente com partes de objetos.

Comunicação

  • Nas crianças com discurso adequado, existe uma acentuada incapacidade na competência para iniciar ou manter uma conversação com os outros;

  • Uso estereotipado ou repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática;

  • Ausência de jogo realista espontâneo, ou jogo social imitativo adequado ao nível de desenvolvimento;

Deste modo, o Síndrome de Asperger foi absorvido pelos novos critérios de diagnóstico do DSM-V, ficando no autismo de grau I, considerado ligeiro. Tendo em conta que existem 3 tipos de classificação no espectro, Grau I, Grau II e Grau III. Que variam consoante a gravidade e a severidade dos sintomas apresentados.

Mas no dia a dia clínico, ainda usamos o termo SA, pois como se trata de um espectro com muita variabilidade acaba por nos restringir a um canto do espetro, distinguindo de alguma forma o diagnostico.

Sinais de Alerta

  • Ausência de contato ocular

  • Ausência de atenção partilhada

  • Não responder ao nome

  • Não apontar

  • Não sorrir em resposta a uma interação por parte do outro

  • Não falar

  • Falta de desejo ou necessidade de estar perto do outro

  • Isolar-se dos outros

  • Falta de intenção comunicativa

Claro que é essencial ter sempre em conta que nem sempre há um défice, podendo haver um excesso. Havendo sim, uma desadequação nos comportamentos.

Os sintomas devem estar presentes no período precoce do desenvolvimento (mas podem não se manifestar inteiramente até as solicitações sociais excederem o limite das capacidades, ou podem ser “mascarados” mais tarde pelo uso de estratégias aprendidas). Daí surgiram muitos diagnósticos apenas na vida adulta.

Sendo que a evolução clínica depende muito da gravidade dos problemas e das comorbidades, (outros diagnósticos associados: Exemplo: PHDA, POC… etc) existentes.

Existem, porém, alguns fatores que podem ser tidos em conta para um melhor prognóstico:

  • Linguagem funcional antes dos 5 anos;

  • Boa competência intelectual;

  • Formas mais ligeiras de Autismo;

  • Apoio parental e da família alargada;

  • Apoio do ambiente educativo;

  • Intervenção especializada precoce adequada.

As PEA são identificadas através dos comportamentos clinicamente observáveis, uma vez que não existe nenhum marcador biológico específico para identificar o autismo. Apesar de existirem genes associados, ainda não é possível fazer um rastreio total devido ao número elevado de genes que já estão associados. Por isso há crianças a fazerem rastreios genéticos que vêm sem indicador específico, porque não são todos rastreados.

Sendo que os diagnósticos devem ser feitos por inclusão e não por exclusão. Não existindo a necessita da presença de todos os indicadores de uma PEA. Surgindo muitas vezes a questão: “conheço muitos autistas e não são assim”… Isto porque nenhum autista é igual ao outro, como nenhum ser humano é igual ao outro. Logo não se deve, catalogar como se se tratasse de uma serie de seres humanos iguais.

Prevalência

É importante ter a noção de que 1 em cada 44 indivíduos (segundo, CDC – órgão de departamento de saúde dos EUA), tem diagnóstico de PEA . Um aumento de 241% na prevalência de autismo desde 2000, onde a relação verificada era de 1 para 150;

Isto porque passou a existir:

  • Ampliação dos critérios

  • Consciencialização da PEA

  • Mais profissionais capacitados

  • Testes mais fidignos para despiste

  • Pais mais atentos aos sinais.

Por isso, não é uma moda, apenas começamos a ser mais precisos nos diagnósticos, quando no passado atribuíam-se outros nomes, havendo muito poucos diagnósticos. Restringindo-se muito a casos mais severos…. Muito mais tarde, acabavam por surgir problemas de depressão, de isolamento, de comportamentos de risco pela sua ingenuidade e tendência a serem mais facilmente manipuláveis. Estes sintomas, impulsionados por não haver uma sinalização e respetiva intervenção adequada.

Apesar de se falar muito de autismo neste momento, infelizmente nem sempre as informações são bem divulgadas. Causando confusão e medos aos pais e familiares de crianças e jovens com autismo. Temos um caso muito recente do jovem de 18 anos que estava a planear um ataque à faculdade de lisboa. A comunicação social fez questão de salientar o diagnóstico de autismo, dando uma falsa sensação de que isso poderia ser o problema para o comportamento do jovem, quando na verdade existiam cormobilidades que essas sim, poderão ser impulsionadoras desse comportamento e não o autismo. É preciso ter muito cuidado com estas informações. No ID tivemos vários pais a manifestar muita preocupação sobre o que foi dito na televisão. Ficando com um legitimo receio que esta situação despoletasse comportamentos de descriminação e bullying para com os seus filhos.

Principais Estratégias

  • Transmitir apenas a informação necessária;

  • Frases simples e curtas referentes à tarefa;

  • Substituir perguntas por ordens simples ou comentários;

  • Falar pausadamente;

  • Dar o modelo;

  • Promover o contacto ocular – sem sermos intrusivos.

COMUNICAÇÃO

  • Evitar expressões ambíguas – interpretação literal;

  • Não antecipar tudo o que a criança quer;

  • Provocar situações que estimulem a comunicação;

  • Quando a criança está agitada, reduzir a intensidade dos estímulos;

  • Evitar que a criança se isole.

LINGUAGEM e FALA

  • Recorrer ao gesto e/ou suporte visual para facilitar a compreensão;

  • Dar ordens simples e explícitas;

  • Esperar pelas respostas da criança;

  • Não corrigir as suas produções. Reforçar e contextualizar;

  • Descrever as atividades;

  • Ir de encontro aos interesses e gostos da criança.

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