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Artigo de opinião


No dia 1 de agosto, assinalou-se o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, de forma a sensibilizar a população sobre esta patologia.

O cancro do pulmão é dos mais letais para a humanidade. De acordo com a Federação Portuguesa do Pulmão, 60% dos diagnósticos realizados é feito já numa fase avançada e apenas 16% dos doentes sobrevivem mais de 5 anos após o diagnóstico.

Independente do tipo de cancro, o diagnóstico é um momento gerador de muitas emoções e de sofrimento psicológico, naquilo que será o futuro, desde questões sobre os tratamentos e aos efeitos secundários inerentes. Não só para os doentes como também aos familiares mais próximos.

No caso do cancro do pulmão, de acordo com alguns estudos realizados com doentes, o diagnóstico está, maioritariamente, associado ao estigma de consumo de tabaco. Incluindo ainda pela perceção da doença como uma lesão autoinfligida. Este estigma pode estar ligado a um comportamento de risco associado a depressão e a ansiedade, condicionando a qualidade de vida do doente, nomeadamente naquilo é o isolamento social, discriminação e vergonha, mesmo para os doentes que nunca fumaram.

Um dos fatores protetores para lidar melhor com este processo oncológico é o suporte social, quer da família quer dos amigos que, juntamente com uma comunicação eficaz com os profissionais de saúde, contribuem também para a saúde psicológica do doente.

Para além do momento do diagnóstico, há várias fases do processo de tratamento oncológico que são desafiantes. Nesse sentido, é normal que o doente sinta a necessidade de ventilação emocional, expor as suas preocupações e receios sem qualquer julgamento por parte do outro e que se sinta ouvido.

O apoio psicológico, que tem vários objetivos terapêuticos:

  • Diminuição do Distress emocional;

  • Promover melhoria da qualidade de vida dos doentes oncológicos e os seus familiares em todas as fases da doença;

  • Desenvolver competências e estratégias para lidar com a doença e com os tratamentos associados;

  • Desmitificar perceções ou ideias sobre a doença;

  • Diminuir o sentimento de isolamento, desamparo e abandono pelo alargamento da rede social de suporte;

  • Promover a adesão terapêutica;

  • Promover relações familiares e conjugais funcionais e adaptativas;

Em suma, o processo de tratamento oncológico é desafiante para todos os envolvidos. Por isso, nesta fase, o apoio psicológico assume-se fundamental para ajudar a lidar com os medos e angústias associadas à patologia e, sobretudo, para que doentes e cuidadores nunca se sintam sós.

Ana Rita Vasconcelos
Psicóloga Clínica

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