As crianças diagnosticadas com uma doença médica crónica e/ou grave apresentam maior risco de desenvolver problemas emocionais.
Embora o façam com a melhor das intenções, sabemos que, por vezes, os pais ocultam informações importantes acerca da doença. No entanto, ao fornecerem informações adequadas sobre a doença, o prognóstico e a importância da adesão aos tratamentos estão a ajudar as crianças. A linguagem, o momento de partilhar informação e o grau de detalhe da informação devem ser adequados à idade e ao temperamento da criança.
A compreensão que as crianças e jovens têm da doença depende da fase do desenvolvimento psicoemocional em que se encontram.
Para as crianças mais pequenas ter uma “doença má” pode ser sentido como um castigo por algo de errado que possam ter feito. É importante pedir à criança que fale acerca do que compreende da origem da doença para desconstruir ideias de culpa. É muito comum terem medo de seringas, da medicação e de estarem separadas dos pais. É importante que os pais e os técnicos de saúde os preparem antecipadamente para os procedimentos e evitem “ataques médicos de surpresa”.
As crianças mais velhas compreendem explicações simples e funcionais e mostram, muitas vezes, orgulho no domínio dos termos médicos e no uso do equipamento médico, o que deve ser elogiado. Procuram explicações simples causa-efeito, conseguem compreender por exemplo que uma infeção é causada por “bicho”, mas têm dificuldade em compreender conceitos mais abstratos como azar de ter uma doença crónica ou casos de agravamento da doença “apesar de fazerem o tratamento”.
Na adolescência, o desenvolvimento do pensamento abstrato permite a compreensão de conceitos como azar de ter uma doença incomum e grave. No entanto, o adolescente sente-se como se estivesse a ser puxado em direções opostas. Por um lado, sabe que deve cuidar do problema físico, adotar comportamentos saudáveis e que existe uma dependência dos pais e dos médicos. Por outro lado, quer sentir-se independente e juntar-se aos amigos em várias atividades. Quando um adolescente com uma doença crónica tenta diminuir ou parar o medicamento prescrito sem consultar os médicos, isso pode refletir um desejo de controlar o próprio corpo. É importante ouvir e valorizar as suas preocupações e incluí-lo nas decisões e planos de tratamento.
A doença crónica implica consultas médicas frequentes e, muitas vezes, internamentos prolongados que exigem que a criança ou adolescente falte a aulas e atividades escolares. Tal pode dar a origem a dificuldades presentes e futuras, incluindo mais tarde evitar ou recusar-se a frequentar a escola, o que aumenta a sua solidão e a sensação de ser diferente dos outros jovens.
Sabemos que estes são momentos difíceis para toda a família, que a adaptação a uma doença e às mudanças que elas implicam na vida de todos não é fácil. Por isso, pense nestas dicas que poderão ajudar:
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É importante ajudar a criança a manter uma rotina o mais normal possível.
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Reaja e responda não apenas à doença da criança, mas principalmente às características da criança.
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Ajude o seu filho a entrar em contato com outras pessoas que se adaptaram com sucesso a uma doença crónica.
- Nos internamentos prolongados ou períodos em que a criança ou jovem tem que estar em casa, ajude-os a desenvolver hobbies ou um talento especial (aprender a tocar um instrumento musical, pintura, aprender uma língua, por exemplo)
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Ajude o seu filho a aprender sobre a doença.
Caso tenha dúvidas acerca do bem-estar emocional do seu filho, exponha-as com um profissional de saúde mental infantojuvenil.